Chasque do Menestrel

Origens do CTG Província de São Pedro

Origens do CTG Província de São Pedro

Certa feita numa caminhada vejo meu saudoso pai se encontrar com Luiz Carlos Ávila, onde estavam trocando uma idéia sobre o CTG, até que eu encontrei um documento no qual eu guardo comigo que relata um pouco da história do CTG.

Ao falar sobre a história do CTG Província de São Pedro, é importante esclarecer alguns fatos que, com o tempo, foram sendo distorcidos. Segundo informações obtidas, o nome “Província de São Pedro” foi idealizado por Luiz Carlos Ávila, enquanto a construção do primeiro galpão ficou sob responsabilidade de Rui de Quadros Machado, com o apoio de diversas outras pessoas da comunidade, como Carislau Gomes Jardim e Solon dos Santos Maranichi, no qual lembramos.

Luiz, nesse relato, destacou um ponto importante:

“Algumas informações que circulam não correspondem à realidade. Muitos dizem que quem fundou o CTG foi o Sr. Ady Quadros Machado e que seu nome original seria Quinzote Quadros, mas isso não procede.”

Segundo ele, o Sr. Ady Quadros Machado foi sim um grande colaborador da entidade, tendo inclusive exercido cargos importantes, porém só passou a participar alguns anos após a fundação.

“Na condição de único integrante vivo da primeira diretoria, sinto-me no dever de relatar como, de fato, nasceu o nosso CTG.”

O relato começa no dia 7 de setembro de 1955, durante o desfile dos colégios. Luiz estava acompanhado de Jaime Barbosa, que lançou a proposta:

“Por que não realizamos um desfile de cavalarianos no dia 20 de setembro?”
Prontamente, Luiz respondeu:

“Por que nós mesmos não o fazemos?”

Sem perder tempo, buscaram apoio com Gaston Augusto dos Santos Cezar, grande parceiro, que mesmo não sendo ligado ao tradicionalismo, aceitou o desafio. Em seguida, foram até Rui Quadros Machado, tradicionalista nato, que também abraçou a ideia com entusiasmo.

Em menos de duas semanas, organizaram o primeiro desfile de cavalarianos de Tapes, realizado no 20 de setembro de 1955, com enorme sucesso e participação popular. A repercussão foi tão positiva que decidiram fundar um CTG.

A reunião de fundação ocorreu no salão de bailes do Clube Aliança, com a presença de:

Carislau Vasconcelos Jardim

Wilson Dias Ferreira

Manoel Crecêncio Farias

Arno Corrêa de Almeida

Rui Quadros Machado

Gaston Augusto dos Santos Cezar

Luiz Carlos Ávila

Reunidos em torno de algumas mesas, escolheram a primeira diretoria, sem votação formal:

Patrão: Rui Quadros Machado

Agregado das Letras (Secretário): Gaston Cezar

Agregado das Finanças (Tesoureiro): Luiz Carlos Ávila

 

Em seguida, discutiram o nome da entidade. Foi sugerido o nome de “Quinzote Quadros”, em homenagem a um dos tradicionalistas da história de Tapes. Contudo, Luiz ponderou que seria um nome de entendimento restrito, propondo algo mais representativo de todo o Rio Grande:

“Sugeri que déssemos à entidade o primeiro nome do nosso Estado: Província de São Pedro.”
A sugestão foi aceita por unanimidade.

Nos primeiros anos, além dos desfiles, organizaram gineteadas, com Luiz coordenando as atividades até 1959, quando se mudou para Porto Alegre. Os cavalos eram arranjados com a ajuda de Manoel Alves Justino, conhecido como Justino. Como não havia sede própria, os encontros ocorriam em locais como a propriedade de Carislau Jardim e o campo do Juvenil, que, embora escorregadio, serviu por muito tempo às gineteadas.

Outras atividades foram realizadas no campo do Balneário Rebello, que, apesar de ser aberto e sem proteção, recebia grande público. Era comum, na época, os cavalarianos desfilarem portando armas na cintura — Luiz lembra que carregava um revólver Smith & Wesson preto, de cano médio.

Os primeiros bailes ocorreram no próprio Clube Aliança, onde, na época, todos os sócios do CTG também eram sócios. Para confraternizações, churrascos e rodas de conversa, o Patrão Rui construiu um modesto galpão em sua propriedade na Avenida Getúlio Vargas, até que, posteriormente, foi erguido o galpão definitivo da entidade.

Este é o relato de Luiz Carlos Ávila, guardião da memória da fundação do CTG Província de São Pedro.

Por fim, vale uma observação histórica: em eventos comemorativos, é comum lembrar a participação do Sr. Ady Quadros Machado, que também foi patrão da entidade. Contudo, seu envolvimento se deu após a fundação. Infelizmente, a sua história teve um desfecho trágico, com seu falecimento por suicídio nas dependências do CTG, fato até hoje envolto em mistério e consternação.